quarta-feira, 30 de junho de 2010

BATISMO EM ÁGUAS: qual a forma correta?

Existem alguns ensinando que, de acordo com a hermenêutica, apenas um versículo não serve como base para a defesa de uma verdade ou considerá-la uma doutrina bíblica.
Tenho convicção que o autor dessa regra não é um professor de hermenêutica temente a Deus! Afinal, o que a Bíblia diz é essencialmente verdade.
Vou citar um exemplo: o assunto com relação ao Milênio é exposto uma única vez nas Escrituras, mais precisamente em Apocalípse 20, sendo que a expressão "mil anos" ocorre seis vezes, nessa referência. Segundo os teólogos amilenistas e pós-milenaristas, seriam necessários vários textos para que houvesse fundamento para a doutrina do Milênio. Partindo desse presuposto, interpretam os "mil anos" como um período simbólico. Mas o texto é literal e relaciona-se com diversas profecias do Velho Testamento sobre o Reino do Messias.
O Batismo em águas em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo é apresentado uma única vez em Mateus 28:19. E foi o Senhor Jesus quem nos deixou essa fórmula. Porém , os pentecostais da unicidade, que são contrários à doutrina da Trindade, ignoram que a fé precede a razão em assuntos espirituais (1ª Co 2:14,15) e desrespeitam, dessa forma, as Sagradas Escrituras.
Com relação ao Batismo em nome da Trindade, evidencia-se uma ordenança do Senhor Jesus: "Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mt 28:19). Em seguida diz o Senhor: "ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!".
Não é a quantidade de passagens bíblicas que determina se uma doutrina é bíblica ou não. Jesus apresentou o modo de batizar uma única vez, porém ordenou o ensino e a guarda deste preceito por todos que recebessem a mensagem do Evangelho, prometendo sua presença até à consumação dos séculos.
Em 1ª Pe 1:25, está escrito: "...a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada".
Em Cristo,

                 Tarcísio Costa de Lima

terça-feira, 29 de junho de 2010

A parábola da rede lançada ao mar

Jesus ao ensinar os seus discípulos sobre a natureza do reino, utilizou muitas parábolas, algumas das quais foram registradas em Mateus 13. Numa dessas parábolas, Ele descreveu o reino como uma rede lançada ao mar (Mt 13:47-50). O lançamento da rede representa a pregação do evangelho, a palavra do reino (Mt 13:19). Quando Jesus chamou Pedro e André para serem apóstolos, eles estavam literalmente lançando uma rede no mar, e o Senhor lhes disse: "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens" (Mt 4:18,19).
No início do seu ministério, Jesus chamou os pescadores de peixes para transformá-los em pescadores de homens. Esta foi uma mudança radical na vida de seus discípulos, pois trocaram o mar pelo chão, o peixe por pessoas, os valores materiais por valores espirituais, os valores efêmeros por valores eternos (Cl 3:1,20).
Ao longo dos anos Jesus continua chamando pescadores de homens (Lc 5:10). Ele continua mandando jogar a rede, e mais do que nunca os mares estão cheios de peixes, esperando tão-somente que a rede seja lançada ao mar (Pv 24:11). Geralmente as redes são largas e na parte de baixo há pedaços de chumbo para que vá ao fundo; suas extremidades ficam flutuando e vão se fechando gradualmente a fim de recolher os peixes. Esta parábola se refere ao juizo final ou a reunião de todas as nações e a separação delas (Mt 25:31-46 ; Ap 20:11-15).
A rede é comparada ao reino dos céus por ser a mensagem do Evangelho, extensiva a toda humanidade, sem acepção de pessoas, classes sociais, raças etc. Por verem a rede aberta, os peixes dentro dela parecem tranquilos porque não vêem que as extremidades em cima estão se fechando (Rm 13:11-14). Assim muitos que foram chamados para o reino dos céus, vivem desfrutando das liberdades mundanas, desapercebidos que o dia do juízo está chegando (Jr 25:29). Quando a rede se fechar os peixes já não poderão sair. O dia do juizo está chegando e será inevitável (1ª Pe 4:17).
A rede que foi "lançada ao mar" tem sido bem-sucedida ao longo da história da Igreja Cristã. Em Atos 2:41,47, vemos "que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia, agregaram-se quase três mil almas. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar". Assim foi o reino do céu estabelecido na terra e veio com poder, como havia sido previsto em Marcos 9:1.
Com a globalização, os métodos de apresentar o Evangelho mudaram, mas a paixão, o ardor, o fervor que devem acompanhar e também motivar o anúncio e o testemunho são imutáveis e insubstituíveis. Se não existir uma profunda concientização evangelística que contagia e convence, nosso empenho, por mais que se oriente nas modernas técnicas de comunicação, não passará de um "marketing" religioso superficial (1ª Co 2:1,2).
Em Cristo,

Tarcísio Costa de Lima 

A parábola do juiz iníquo

A parábola do juiz iníquo possui certa semelhança com a parábola do amigo importuno (Lc 11:5-13). Ambas ensinam sobre a necessidade do cristão orar com perseverança. Elas se harmonizam em sua estrutura, embora tenham sido proferidas em circunstâncias diferentes. Existem em ambas uma lógica baseada no contraste entre Deus e o homem, e a evidência de que o Senhor se inclina às orações dos cristãos (Is 57:15 ; 66:2).
Orar é manter uma atitude de contato com Deus através do pensamento, palavra, fatos e vida. Trata-se de viver consciente de que, "em Deus nos movemos e existimos". Orar é "respirar" essa misteriosa presença que nos envolve. Oração é a fé em diálogo com Deus. Necessitamos perseverar ao expor nossas súplicas a Deus certos da boa vontade em nos socorrer (Lc 11:9-11 ; Is 49:15,16).
Na parábola Jesus utiliza a figura do juiz iníquo para mostrar que Deus ouve as nossas orações. Como Cristo ressalta, se até um juiz iníquo, diante da insistência da viúva acabou lhe atendendo, o que dirá o Pai Celestial. Entretanto, a ajuda divina não chegará necessariamente no momento e forma que julgarmos convenientes (1ª Pe 5:6). A ajuda se fará no momento mais adequado e na melhor forma visando o aprimoramento espiritual (Ec 3:1). Isto significa que algumas vezes seja necessário um período de dor, amargura e sofrimento para que o ensinamento seja realmente assimilado e não venhamos a incorrer em nossos erros e, por consequência, na necessidade de novas provações (Hb 12:5-11).
Não obstante a severidade do juiz, ele não resistiu à insistência da viúva, e, para ver-se livre de importunações, acabou resolvendo suas questões. Deus, que é a perfeição absoluta, não deixará de atender aos nossos justos clamores (Jr 33:3). Apesar dos serviços judiciais serem, na maioria das vezes, lentos aqui no Brasil, as causas têm que ser solucionadas um dia. Mesmo que tardiamente, haverá um veredicto. Então, por que duvidar ou desesperançar das providências do Juiz de toda a Terra? Nem mesmo as aves do céu escapam do seu cuidado amoroso (Mt 6:26).
Quando nos sentimos desanimados, em razão das lutas e dificuldades do dia-a-dia, oremos e confiemos na bondade de Deus, pois não desampara a nenhum de seus filhos (Hb 13:5b). Se, às vezes, o Senhor parece não ouvir as nossas orações, permitindo a permanência do sofrimento, é porque sabe ser a dor o melhor instrumento para moldar o nosso caráter (Sl 119:67). Quando Deus não muda as circunstâncias é porque quer mudar algo em nós. Os períodos de calamidade devem produzir maturidade na vida do cristão (Rm 5:3-5).
A parábola termina com uma pergunta temerosa: "Mas quando o Filho do Homem voltar, será que Ele vai encontrar a fé sobre a terra?" (Lc 18:8). Será que Jesus vai encontrar a fidelidade ao Evangelho, a firmeza nas perseguições, a solidez diante das ameaças das falsas doutrinas? Porque o que realmente importa não é saber quando Cristo virá, mas estar preparado. O Cristão estará preparado se, como a viúva, elevar a Deus uma oração perseverante e cheia de confiança (Tg 1:6-8).
Em Cristo,

                 Tarcísio Costa de Lima

segunda-feira, 28 de junho de 2010

A parábola do mordomo infiel

Quando alguém nasce na família de Deus por meio da fé genuína em Jesus Cristo, torna-se um mordomo das coisas de Deus e isso inclui os bens materiais e espirituais. Quando nos submetemos ao senhorio de Jesus Cristo e nos tornamos seus servos voluntários, renunciamos a todos os direitos pessoais de propriedade; nossa vida e bens tornam-se Dele.
Mordomia é a junção de dois vocábulos: "mor" e "domo". Em latim "mor" significa chefe e "domo" significa casa. De modo geral, o mordomo é a pessoa que administra os assuntos de uma família, de uma casa e as propriedades. No sentido cristão, refere-se basicamente à oportunidade de servirmos a Deus com tudo aquilo que Ele nos concede durante nossa vida material.
Precisamos entender que o mordomo descrito por Jesus não é apresentado como um exemplo de moralidade. Ele é claramente chamado de "administrador infiel". Cristo não elogiou a artimanha, mas sim a inteligência daquele mordomo (Lc 16:8). O Senhor Jesus jamais tolerou alguma prática contrária aos seus justos e santos caminhos. O mordomo infiel é um exemplo a ser evitado e não um modelo a ser seguido.
Alguns seres humanos são capazes de fazer qualquer coisa escusa para se beneficiar. Um lidar honesto entre uma pessoa e outra está se tornando cada vez mais raro (Pv 20:6). A desonestidade na utilização do dinheiro é uma evidência segura de um coração que não é reto diante de Deus. O teólogo J. C. Ryle diz que "o homem que não está agindo honestamente com a prata e o ouro deste mundo nunca pode ser alguém que possui verdadeiras riquezas nos céus" (1ª Tm 6:9-12).
O verdadeiro cristianismo não aprova a indiferença aos valores morais preconizados nas Sagradas Escrituras (2ª Tm 3:16,17). A verdadeira fé é atestada pela produção de frutos dignos de arrependimento (Mt 7:16). Podemos estar certos de que, onde não existe honestidade, não existe a graça divina. Atualmente, os homens são culpados de reduzir o que Deus requer, com respeito à santidade e à verdade, porque fazem uma falsa avaliação das exigências divinas. Infelizmente, a desonestidade nas transações comerciais tem sido cada vez mais frequente nos últimos dias (2ª Tm 3:1-5).
A mordomia deve ser tratada com honestidade (1ª Co 16:3,4). Paulo tinha um grupo para ajudá-lo na administração dos recursos financeiros (1ª Co 16:3,4 ; 2ª Co 8:16-24). Muitos perdem sua credibilidade pela maneira como lidam com o dinheiro. Paulo recomenda às igrejas escolher pessoas específicas para lidar com o dinheiro das ofertas, ou seja, apela ao caráter dos mordomos.
Em Cristo,

                Tarcísio Costa de Lima

A parábola dos primeiros assentos

A parábola dos primeiros assentos destaca o valor da humildade. A humildade é uma virtude que revela o verdadeiro caráter dos cristãos piedosos em todas as épocas, tais como Abraão, Moisés, Jó, Gideão, Davi, Daniel e Paulo. Esta virtude, felizmente, está ao alcance de todos os crentes que desejam seguir o exemplo de Jesus (Mt 11:28-30).
O teólogo J. C. Ryle disse "que o homem sábio é aquele que conhece a si mesmo e, possuindo tal conhecimento (2ª Co 13:5), em seu íntimo não encontrará coisa alguma que o torne orgulhoso". 
O crente fiel não se deixa ser tomado pelo orgulho, mas permanece humilde pelo temor de Deus. O verdadeiro crente sabe que Deus não reparte sua glória com ninguém (Is 42:8). Jesus foi o maior Mestre e suas lições sempre tinham a ver com humildade. São Dele as palavras: "Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração..." (Mt 11:29). Cristo não só ensinou sobre a humildade, mas sua vida refletia isso em cada atitude, quando lavou os pés aos discípulos (Jo 13:4,5).
Com a parábola dos primeiros assentos, Jesus aconselha que cultivemos a humildade e a simplicidade, virtudes que, inúmeras vezes, apresentou como características essenciais do verdadeiro cristão (Fp 2:4-11). Tê-las, entretanto, é uma tarefa que demanda muito esforço e renúncia, pois requer a subjulgação da nossa natureza egoísta (Gl 2:20 ; 6:14,17). Vivemos hoje num mundo em que predomina o "egoísmo", ou seja, o amor exagerado a nós próprios, cada qual procurando garantir sua felicidade, sem preocupar-se com os outros (2ª Tm 3:1-5).
Servir constitui um modo de vida, uma atitude e, acima de tudo, um relacionamento de amor com Deus e com o próximo. A disponibilidade em servir está se extinguindo, e uma das razões pode ser o orgulho. Na igreja hoje, a idéia de ajudar o próximo está ficando cada vez mais escassa. Muitos só pensam em si mesmos e acabam se esquecendo de que a disponibilidade é o transbordamento do amor em prol do próximo e o cumprimento das palavras de Jesus Cristo, que disse: "Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber" (At 20:35). Aprendemos com Jesus que há grande privilégio no servir por amor, com dedicação e altruísmo (Fp 2:3-5).
Servir, no sentido cristão é esquecer de si mesmo e devotar-se amorosamente ao auxílio do próximo, sem objetivar qualquer recompensa, nem mesmo o simples reconhecimento daqueles a quem se haja beneficiado (Lc 14:12-14).
Todas as pessoas que desejam ser usadas por Deus devem estar constatemente orando para que pensamentos e sentimentos soberbos não entrem em seus corações. A humildade é uma virtude agradável aos olhos de Deus e um bom início para aqueles que desejam trabalhar na Sua seara (At 20:19).
Em Cristo,
              
                Tarcísio Costa de Lima  

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A parábola dos lavradores maus

Após um período de controvérsias com a liderança judáica (Mc 11:15 a 12:27), que buscava alguma palavra ou ato de Jesus para incriminá-lo e levá-lo à morte, o Senhor faz uma chocante revelação, ao narrar a parábola dos lavradores maus. Não obstante os privilégios que nenhuma nação possuía, em razão dos avisos que nenhum outro povo recebeu, os judeus rebelaram-se contra a autoridade de Deus e se recusaram a prestar-lhe as devidas honras. Eles rejeitaram os conselhos dos profetas e ainda crucificaram o Filho de Deus (Jo 1:9-11).
Sem dúvida esta parábola tinha como alvo especial os judeus, mas a sua aplicação não pode ficar restringida a eles. A mesma contém lições que devem ser estudadas por todos os cristãos até a volta de Cristo.
A parábola dos lavradores maus não é de difícil interpretação: o pai de família, que plantou a vinha é o próprio Deus; a vinha é o cristianismo que está alcançando pessoas em todo o mundo; e os lavradores a quem a vinha foi arrendada são os servos do Senhor de todas as épocas, desde os sacerdotes da Antiga Aliança (Ex 28:1-46) que sacrificavam animais para oferecer em holocausto nos altares do judaísmo até os crentes de hoje, que adoram a Deus em espírito e em verdade (Jo 4:23,24).
Os frutos da vinha representam "o fruto do Espírito" em Gálatas 5:22,23: "Amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e temperança", e os servos incumbidos de produzí-lo são os emissários de Deus, a exemplo dos profetas, apóstolos e outros, os quais, alguns deles, por fidelidade a Deus, foram perseguidos, injuriados e mortos (Mt 5:10-12).
O filho do proprietário é Jesus, cuja morte humilhante na cruz foi, também, resultado exclusivo do sacerdotalismo hipócrita, incluindo os fariseus e saduceus (1ª Co 1:18-25). A herança é o reino dos céus, de que os cristãos pretendem ter a posse (At 14:22). Atribuindo-se dos direitos inerentes ao herdeiro, os lavradores maus (os crentes nominais), embora tenham sido chamados das trevas da incredulidade, pela infinita misericórdia de Deus, ainda persistem em viver centrados no egoísmo (Gl 5:17-21).
O Espírito de Deus, diz Gênesis 6:3: "Não agirá para sempre no homem", pois haverá um dia em que sua paciência chegará ao fim e Ele se levantará para julgar terrivelmente o mundo incrédulo. Dentre todas as manifestações de ira, nenhuma pode ser imaginada como tão horrível quanto "a ira do Cordeiro" (Dn 2:34).
Em Cristo,

                Tarcísio Costa de Lima

A parábola da lâmpada debaixo da cama

A finalidade essencial da luz é dissipar as trevas ao redor. Depois de acesa, não se coloca uma luminária debaixo de uma mesa ou bancada. Se fizermos, a luz perderá seu efeito e o seu alcance será muito limitado. É isto que o Senhor Jesus, de maneira figurada, está ensinando sobre a vida do cristão. Ela é uma luz, que não deve ser obscurecida em seus efeitos nem apagada em sua influência.
A lâmpada (candeia) não foi feita para ficar debaixo da cama, devendo ser colocada em lugar alto e amplo para melhor refletir a sua luminosidade. O fato é que talvez nós, nos dias atuais, estejamos precisando realmente aplicar esses ensinos em nossa vida (Fp 2:15).
O cristão não pode ficar acomodado, pois cabe a ele testemunhar de Cristo em sua forma de viver, de tal maneira que o mundo possa ver mudanças no seu comportamento (Hb 12:1). Os servos do Senhor não podem viver como camaleões, esses pequenos lagartos que vemos nas pedras ou árvores nos lugares ermos, que por uma reação defensiva, têm a sua cor moldada pelos ambientes ao redor. Não podemos nos adequar ao gosto e prazer do mundo, somos e devemos ser diferentes (2ª Co 5:17).
Infelizmente, alguns crentes vivem neste mundo presente semelhante ao sal insípido, sem sabor e relevância (Mt 5:14-16). Condicionados por seu ambiente, envolvidos por suas pressões passam a adotar a coloração do que os rodeia, aceitando os seus padrões, convivendo com seus costumes e hábitos (1ª Co 15:33).
A luz é indispensável tanto à vida material como espiritual. Sem ela não há vida; a vida é luz em qualquer esfera, seja física ou psíquica. Apague-se o Sol, fonte das luzes materiais, e o mundo deixará de existir. Esconda-se a luz da salvação sob o manto da hipocrisia ou do mau testemunho, e a humanidade não dará sequer um passo em direção a Deus, debatendo-se em trevas (1ª Ts 5:4-11).
É absurdo acender uma candeia e colocá-la debaixo da cama, como conceber ou receber um novo conhecimento, uma verdade nova e ocultá-la aos nossos semelhantes (Mc 16:15). Vemos que Jesus foi o grande Mestre, pois educava com parábolas, exemplos e com amor. Mas nem todos utilizaram a luz adquirida através dos ensinamentos de Jesus, antes a colocaram debaixo da cama e isso ainda ocorre hoje. A educação conduz o ser à liberdade, é um processo natural. O ser educado permite-se questionar, inclusive as coisas de Deus. Nada é demais para ele, entende qualquer assunto e dessa forma o divulga.
Em Cristo,

                 Tarcísio Costa de Lima

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A parábola da figueira estéril

A parábola da figueira estéril se refere primeiramente a Israel. Sua verdade, no entanto, aplica-se a todas as pessoas que professam sua fé em Jesus, mas não abandonam o pecado (Rm 6:12,13). Embora Deus dê a todos ampla oportunidade de se arrependerem, Ele não tolerará para sempre o pecado. Paulo sintetizou isto em Romanos 11:22, onde diz: "Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus; para com os que caíram, severidade; mas, para contigo, a benignidade de Deus, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira, também tu serás cortado".
Essa parábola não deve ser confundida com o milagre parabólico da figueira que Jesus amaldiçoou (Mt 21:18-22 ; Mc 11:12-26). A única relação entre as duas é o fato de que não havia figos em ambas as árvores.
Nesta parábola Jesus comenta acerca de um senhor que procurou frutos em uma figueira e não achou. Ele diz que já a três anos que a árvore não frutifica, não obtendo dela o fruto desejado. Daí, o proprietário da vinha decidir: "Corta-a; para que ocupa ela ainda a terra inutilmente?" (Lc 13:7). Mas o vinhateiro disse ao senhor para dar mais um tempo. Oferece-se para investir mais um pouco na árvore, dá mais tempo e cuida mais dela como uma última tentativa para que volte a frutificar. Se ainda assim esta tentativa não obtivesse êxito, então a árvore estaria condenada ao corte (Lc 13:9).
A figueira não era uma planta estranha e proibida, semeada na vinha (Dt 22:9). O certo homem a quem Jesus se referiu, plantou-a em sua vinha, e a figueira poderia ter produzido frutos, atendendo às expectativas do seu proprietário. Ela fôra deliberadamente plantada onde não tinha direito, e crescera onde o terreno era mais favorável, contudo, se revelou estéril. Três anos sem frutos é prova de esterilidade (Lc 13:7). Israel era a vinha divina pela qual Jesus se esforçou durante "três anos" de seu ministério terreno. Cristo procurou, por todos os meios, tornar a nação judáica frutífera (Is 5:1-7), mas o resultado foi a sua total rejeição pela nação que Ele cultivara (Jo 1:11,12).
Um aspecto interessante desta parábola é que o viticultor (Jesus) intercede pela figueira (Israel) pedindo uma nova oportunidade. Ele se propõe a cuidar dela, cavando ao seu redor, adubando-a, esperando que assim ela dê frutos. O adubo refere-se à Palavra de Deus. Figueiras que não ofereçam frutos após todo esse esforço deverão ser cortadas. O machado será posto também à raiz das igrejas infrutíferas. A sentença ainda ecoará: "Podes cortá-la" (Lc 13:9).
Se quisermos ser pessoas frutíferas para Deus, então precisaremos fazer nossas raízes chegarem ao ribeiro de águas: "Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido" (Sl 1:3). A raiz é atraída pela água, assim como a alma humana é atraída pela presença de Deus. O Senhor intencionalmente nos criou dependentes Dele. E se quisermos ser úteis a Deus, firmemos nossas raízes, busquemos alimento e seremos pessoas frutíferas.
Em Cristo,

                 Tarcísio Costa de Lima  

segunda-feira, 14 de junho de 2010

A parábola da porta estreita

O Senhor Jesus faz uma aplicação de seu ensino ético e ilustra os dois caminhos opostos da peregrinação dessa vida, ao usar as figuras de portas e estradas. A verdade solene que nos é apresentada é a de que há somente dois caminhos para a humanidade escolher: o caminho dos justos ou dos ímpios (Sl 1:1-6). Não há o que discutir, ou estamos "em Cristo" ou "sem Cristo" (2ª Co 5:17).
O objetivo maior do ser humano é conhecer a Cristo e, através Dele, ser cidadão do reino dos céus (Hb 11:14-16). Esse reino não é deste mundo, como disse Jesus, mas se encontra em toda parte, porém os homens não o reconhecem (Jo 1:10-12).
"Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz a perdição, e muitos são os que entram por ela" (Mt 7:13,14). A expressão usada por Jesus para descrever o caminho da renúncia, como sendo a porta estreita e o caminho apertado, é mais um exemplo da felicidade de sua terminologia. A porta extreita transmite a idéia de que só pode passar por ela quem não tiver carregando bagagens volumosas, ou seja, quem obedecer ao requisito básico de renunciar ao mundo, deixando para trás seus apegosà vida passada (Hb 12:1).
Às vezes, trilhar o caminho da renúncia implica em conhecer a dor, o sofrimento e a perseguição por amor a Cristo. No entanto, os sofrimentos e as vicissitudes da vida desempenham papel grandioso na existência do cristão que se propõe a percorrer o "caminho estreito" de Deus. A Bíblia constantemente nos mostra, pela história dos grandes personagens de suas páginas, como Deus emprega a dor, fome, desilusão, injustiça e até mesmo a morte para quebrantar, moer, aprimorar, burilar e santificar os salvos, levando-os a conhecê-lo melhor e se tornarem pessoas mais íntegras, humanas e amorosas. Todos os heróis das Escrituras testificam que Deus prova (e aperfeiçoa) o justo no dia mau. Não apenas Jó, o mais famoso sofredor, como também o ladrão da Cruz, o apóstolo Paulo, o patriarca José, o rei Davi e os demais santos passaram por profundas transformações em suas vidas e se tornaram homens quebrantados - precisamente o tipo de caráter preferido por Deus para operar maravilhas: seja abrindo mares ao meio, ferindo montes e ressuscitando mortos - seja reconciliando irmãos inimigos, regenerando criminosos e alcançando os inalcansáveis (1ª Pe 4:12,13).
Dentre os equívocos do "evangelho da porta larga" estão os cultos-shows para encher o templo, em vez de agradar a Deus. A Ceia, uma atividade central do culto, praticada semanalmente no tempo apostólico (At 20:7), tem sido negligenciada por alguns cristãos que, atolados em pecados inconfessos, deixaram para trás suas congregações (Hb 10:25). Entrar pela porta estreita é se comprometer em participar do corpo e do sangue do Senhor e viver em plena comunhão (1ª Co 11:24-29).
A igreja pode e deve buscar a exelência em tudo o que faz - a consciência da presença divina no meio de um povo santo é o maior motivo para adorar ao Senhor com simplicidade, gratidão e, sobretudo, em Espírito e em verdade (Jo 4: 23,24). Dessa forma, todos ganham - o Senhor é honrado, os cristãos saem do culto renovados e o incrédulo percebe que cristianismo não é entretenimento. Assim o mundo fica mais salgado (Mt 5:13-16).
Em Cristo,

                 Tarcísio Costa de Lima  

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A parábola do trigo e do joio

As parábolas que Jesus ensinou junto ao Mar da Galiléia (Mt 13;Lc 8;Mc 4) destinavam-se a definir o reino de Deus. Mas estas histórias e comparações tinham o efeito contrário sobre aqueles cujo coração tinha sido dominado pela religião superficial dos escribas e fariseus. Especialmente na parábola do joio e do trigo, vemos que há certa ausência de ênfase na providência de Deus. Ele é completamente justo, bom e poderoso. Mas, às vezes, ficamos inculcados porque Deus permite que a impiedade campeie pelo mundo.
Se o reino de Deus é de absoluta justiça, como pode existir tanta impiedade entre os homens? Esta questão é, realmente, apenas a extensão de um assunto mais fundamental que tem deixado o homem perplexo durante séculos: como pode haver mal num mundo governado por um bom Deus? Por que Ele simplesmente não elimina os indivíduos de má índole (os joios) e torna tudo maravilhoso?
A história do joio semeado no campo (Mt 13:24-30,36-43) segue imediatamente após a parábola do semeador. Nesta, Jesus já havia sugerido que a justiça (o solo bom) terá de florecer num mundo onde muitos rejeitam o reino de Deus (o solo da beira do caminho) e outros a receberão de modo superficial e infrutífero (solo pedregoso e espinhoso). Na história do joio Jesus parece recomeçar por onde parou na parábola do semeador, para tornar explícito o que antes fôra apenas sugerido.
O reino do céu é destinado a abrir o seu caminho num mundo onde o mal não é somente ativo, mas continuará a sê-lo enquanto o homem habitar este planeta (2ª Tm 3:1-9). Para muitas pessoas, o reino do céu não terá vindo até que toda a impiedade seja destruída (2ª Ts 3:1-3). Contudo, o reino virá pelo paradoxo que o reformador Martinho Lutero chamou de "a mão esquerda" de Deus: dando para ganhar, perdendo para vencer, morrendo para viver (2ª Ts 2:7-13).
Nossa reação imediata à parábola do trigo e do joio poderia ser, "que tipo de lavrador é este, descuidado de manter as ervas fora de seu campo, dormindo quando deveria ter estado alerta?" (Mt 13:25). Mas o lavrador desta parábola não é um homem negligente que não fez nenhum esforço para manter seu campo livre de ervas, passando seus dias dormindo quando deveria ter sido consciencioso (Tg 5:7). Seu trigal é forte. Ele dormiu somente quando os trabalhadores dedicados dormem: de noite. O problema é que o inimigo não pára de semear o mal (Ap 12:12 ; 1ª Pe 5:8,9).
O joio, ao brotar, é muito parecido com o trigo e arrancá-lo antes de estar bem crescido seria inconviniente, por razões óbvias. Na hora da produção dos frutos, em que será feita a distinção entre ambos, já não haverá perigo de equívoco: será ele, então, atado em feixes para ser queimado (Mt 13:29,30). Quando os tempos forem chegados, todos os sistemas religiosos que se hajam revelado intolerantes e opressores, serão reduzidos a nada (At 5:36,37).
O joio sempre será encontrado no meio do trigo. Hipócritas e enganadores se infiltrarão sorrateiramente no meio do povo de Deus. Há uma profunda verdade na declaração de Agostinho: "Os que hoje são joio, amanhã poderam ser trigo". Se Deus transformou em trigo a Manassés, que sacrificou seus próprios filhos aos deuses, consultou feiticeiros e fez pecar o povo de Israel, certamente, poderá transformar outros joios (2º Cr 33:1-13).
Em Cristo,

                Tarcísio Costa de Lima  

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A parábola do cisco e da trave

Jesus se serve dos recursos da parábola do cisco e da trave com objetivo ético-comportamental (Lc 6:39-45). De modo simples e direto, Ele ilustra a obrigação de se imitar a misericórdia e a gratuidade do Pai (Lc 6:36), à semelhança do discípulo que há de ser igual ao Mestre (Lc 6:40), e confirma a impossibilidade de julgar e condenar (Lc 6:37), pois tal atitude se assemelharia a do hipócrita que não tira a trave do próprio olho para ver o cisco do olho do irmão (Lc 6:42).
Nas relações dos homens entre si e com Deus, o que conta é a atitude interior (2ª Co 13:5). Esta, todavia, não pode ser percebida sem a corporeidade, ou seja, sem levar em conta a linguagem corporal, especialmente, mediante as palavras: "pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca" (Lc 6:45b).
O sentido figurado de coração, na Bíblia, aponta para o interior do homem. Além dos sentimentos (2º Sm 15:13 ; Is 65:14), inclui as recordações, as idéias, os projetos e, sobretudo, as decisões. É o lugar simbólico no qual o homem dialoga consigo mesmo para assumir responsabilidades (Dt 7:17). Por isso, para Jesus, o homem bom do bom tesouro do seu coração tira o que é bom, mas o mau, de seu mau tira o que é mau (Lc 6:45).
Pessoas ardilosas são capazes de usar as palavras para encobrirem seus sentimentos (Pv 26:23-26). Mas, suas verdadeiras intensões serão reveladas por meio dos frutos (Mt 7:16). Jesus disse que, "não se colhem figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas" (Lc 6:43,44). Com efeito, por mais que os comportamentos dissimulem as intenções, o tempo se encarregará de demonstrar, pelas ações e suas consequências, a verdadeira intenção das pessoas. Em última análise, porém, cabe ao próprio Deus que não olha a aparência (1º Sm 16:7) perscrutar o coração e sondar os rins (Jr 17:10).
Deus é o único que pode julgar e avaliar as ações dos homens (Hb 4:12,13 ; Dn 2:22). Além disso, seu olhar perscrutador põe-nos de sobreaviso quanto à justiça de nossos julgamentos. Nós, cristãos, não podemos captar integralmente o coração do outro, mesmo quando se exterioriza na aparência de atos bons ou maus. Mas, mesmo que pudéssemos conhecer o interior do próximo, sendo pecadores como somos, qualquer juízo moral sobre a vida alheia nos remeteria às palavras de Jesus: "Por que olhas o cisco no olho de teu irmão, e não percebes a trave que há no teu?" (Lc 6:42).
Os escribas e fariseus eram escrupulosos com cada detalhe dos preceitos - os rituais de limpeza dos utensílios e móveis, o pagamento do dízimo sobre a hortelã e o anis, e ao mesmo tempo, sem nenhum peso na consciência enganavam, odiavam e ofendiam pessoas (Mt 23:1-23). Assim eles chegaram a um engano, a uma ilusão tal que condenaram o Salvador do mundo à morte na cruz e publicamente difamaram a sua ressurreição.
Em Cristo,

               Tarcísio Costa de Lima 

A parábola do vinho novo em odres velhos

          Quando Jesus narrou essa parábola, Ele estava falando que viria um tempo novo e que as tradições judáicas os impediriam de receber o mover de Deus. A velha estrutura dos judeus fazia com que pensassem que somente o que eles faziam era de Deus, não estavam acostumados com pessoas endemoniadas, achavam o cúmulo Jesus curar no sábado, eram legalistas, possuiam uma estrutura religiosa que os impediam de compreender os ensinamentos de Jesus. Seria impossível receberem o novo mover de Deus com aquelas velhas estruturas mentais condicionadas.
          Diante disto, precisamos nos derramar diante de Deus e deixar que Ele limpe a nossa vida, afim de que haja renovação em nossa mente (Rm 12:2). A igreja deve tirar os resquícios do "vinho velho do legalismo" e encher-se com o "vinho novo da graça de Deus". Deve ainda abandonar suas estruturas e formalidades equivocadas e receber a alegria e o milagre de Deus! Odres novos são cristãos abertos ao Seu mover, para que Ele possa encher com vinho novo. No primeiro milagre de Jesus, o vemos transformar água em vinho (Jo 2:1-12). Cristo também quer transformar a vida da igreja, de odres velhos para odres novos (Ez 36:25-27). A estrutura religiosa, muitas vezes, tem impedido as pessoas de beberem do vinho novo (Ez 33:31). Contudo, para recebermos algo novo devemos nos abrir e pedir que Cristo derrame todo o vinho que nos está preparado, sem nos preocuparmos com a forma que isso se dará (Jo 3:8).
          O teólogo Paul Earnhart faz pertinentes afirmações sobre o que significa colocar vinho novo em odres velhos. Diz ele: Jesus não se ajustava aos modos familiares do mundo ao qual veio. Mesmo o mais revolucionário pensamento de seu tempo não poderia contê-lo. Suas palavras e modos eram transcendentemente diferentes, inquietantes, ameaçadores. Não poderia haver uma síntese calada do velho e do novo, somente uma colisão descomprometida que conduziria inevitavelmente a rebelião ou rendição. Alguns viriam a gostar do novo, outros a odiá-lo. Em suas três analogias: Mateus 9:14-17, Marcos 2:18-22 e Lucas 5:33-39, Jesus responde aos seus críticos gentilmente, mas ilustra o inevitável do conflito: como pode pano novo ser usado para remendar roupa velha? Como pode o explosivo vinho novo ser contido em velhos e inflexíveis odres? O provébio de Jesus sobre o remendo novo na roupa velha sai de sua própria vida. Aquele que "não tinha lugar para repousar sua cabeça", certamente conhecia vestes remendadas. E todos sabiam que uma tentativa de remendar uma roupa gasta com pano novo levaria a dois desastres, um estrutural e outro estético. O pano novo encolheria com a primeira lavagem e aplicaria tal tensão sobre o pano velho que faria um rasgo maior do que antes (Mc 2:21); e, por sua própria novidade, o remendo novo faria com que a roupa velha parecesse ainda mais desbotada e velha (Lc 9:36). Às vezes, o velho é irreparável e tem simplesmente que ceder lugar ao novo.
          Os religiosos do tempo de Jesus não estavam prontos para receber o "vinho" que o Senhor lhes oferecia. Seus corações estavam endurecidos pelo orgulho e pelo pecado. A religião era mais importante que as pessoas; o compromisso com as tradições dos homens bastava; seu falso temor a Deus servia apenas para a promoção pessoal dentro da instituição religiosa (Mt 23:23,24).
          Que nesta última hora da igreja, estejamos todos abertos para o mover de Deus. Que tudo que é remendo e que for velho, seja trocado por vestes novas e odres novos. Existem alguns erros que cometemos na vida que parecem ser normais, banais, contudo, o grande líder Moisés não entrou na terra prometida porque, além de ter ferido a rocha que representava Cristo , irritou a Deus querendo ver o Líbano, pois sua alma estava presa lá (Dt 3:25).
          Em Cristo,

                         Tarcísio Costa de Lima 

terça-feira, 8 de junho de 2010

A parábola do amigo importuno

          A parábola do amigo importuno leva-nos a compreender que, aqui mesmo na Terra, se recorrermos a um amigo quando viermos precisar de um favor, haveremos de o conseguir. Pode esse amigo não nos atender imediatamente, de boa vontade, pode até relutar em atender à nossa solicitação, mas, se insistirmos, ainda que seja para ver-se livre de nossa importunação, acabará cedendo. Assim Deus também possui uma integridade que não violará. Jesus deixou claro para seus ouvintes que o Pai celestial não vai deixar de atender a nossa necessidade. São as três ações destacadas neste versículo: pedir, buscar e bater. O amigo importuno foi buscar o pão na casa do vizinho amigo, certamente bateu na porta e encerrou pedindo o que precisava e por fim recebeu. Assim, Jesus demonstrou aos discípulos que poderiam ser amigos de Deus (Jo 15:14,15).
          Deus é ifinitamente mais solicito para com Suas criaturas do que o melhor dos amigos e o mais afeiçoado dos progenitores; assim, pois, qualquer que seja o grau de nossa imperfeição, de nossa indigência moral, se dirigirmos o nosso apelo, em oração sincera, quando necessitamos de Seu auxílio, podemos estar certíssimos de que o socorro da providência não nos faltará (Lc 6:35,36). Não obstante, o Senhor ouvir nossas orações e nos socorrer nos momentos de aflições, não devemos supor, entretanto, que basta pedirmos seja o que for a Deus, para Ele nos conceder prontamente o que pedimos. Não! O Senhor sabe, melhor que nós, aquilo que convém, o que é necessário ao nosso progresso espiritual e, em função desse interesse mais alto é que atende ou deixa de atender as nossas súplicas (Rm 8:26).
          Os três verbos registrados em Lucas 11:9: "pedi", "buscai" e "batei" revelam a necessidade de persistência. As pessoas modernas são fortemente imediatistas e consumistas. Quando essa atitude mundana é incorporada à vida cristã, as pessoas tornam-se exigentes e voltadas apenas para o seu próprio bem-estar material; passam a encostar Deus no "paredão", confrontando-o com suas promessas: O Senhor prometeu, tem que cumprir - dizem elas, desprovidas de temor a Deus.
          Em Lc 11:5, lemos: "Amigo, empresta-me três pães". Isso demonstra simplicidade. Sabe por quê? Porque pedir emprestado, na cultura judáica, era uma atitude de extrema humilhação. Portanto, a parábola nos estimula a pedir com simplicidade. Não podemos, nem devemos pedir com arrogância, mas devemos pedir com humildade de espírito, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes (1ª Pe 5:5).
          Em Cristo,

                           Tarcísio Costa de Lima 

A parábola dos trabalhadores da vinha

          Dentre as diversas parábolas de Jesus, algumas são de fácil compreensão, como a do semeador (Mt 13:1-9) ou a do bom samaritano (Lc 10:25-37), que o próprio Senhor explicou aos discípulos (Mt 13:18-23). Outras, porém, trazem dificuldades interpretativas consideráveis, exigindo cuidadosa análise sobre o conjunto da doutrina cristã para que um sentido razoável seja alcançado.
          A chave para interpretar corretamente a parábola dos trabalhadores da vinha deve ser buscada na passagem com que se encerrou o capítulo anterior. Lá encontramos o ap´stolo Pedro fazendo a nosso Senhor uma pergunta importante: "Nós tudo deixamos e te seguimos: que será, pois, de nós?" (Mt 19:27). Recuperando o questionamento feito por Pedro, Mateus deseja apenas chamar a atenção para as consequências de uma decisão tomada, e não impor condições ao seguimento. A parábola da vinha expressa a generosidade de Deus, que acolhe em seu Reino os trabalhadores que chegam por último no serviço (Mt 20:8-16). É Deus quem paga seus trabalhadores com generisidade e misericórdia, superando a ideologia farisáica, na qual o valor da ação humana precede o dom de Deus (Ef 2:8-13). A parábola mostra que o Reino não é algo que se compra ou que se merece (1ª Tm 1:11-16).
          Comparada aos nossos dias, a parábola dos trabalhadores da vinha bate de frente com a ética do mercado da qual somos vítimas e que rompem com as leis de equidade (1ª Tm 6:1,2). Os desocupados da época podem fazer alusão indireta aos desempregados de nossos dias (Mt 20:3). Caracterizada pela incerteza, pobreza, desnutrição, fome e pelo trabalho pesado, estas pessoas carregam o peso da injustiça social (Am 5:11,12). Por isso, o ponto forte da parábola está no ajuste de contas ao final do dia. Todos são chamados a acolher, construir e habitar no Reino (Ec 9:10 ; At 1:8).
          A imagem da vinha assinala o caráter vocacional da igreja, indicando a comunidade dos seguidores de Jesus comprometida com sua Pessoa, sua causa e a vivência do mandamento do amor (Rm 13:8,11 ; 1ª Co 16:14). A "vinha" também aponta a Igreja, comunidade dos salvos que caminham em comunhão com Jesus, trabalhadores que formam a comunidade de amor, independentemente da hora do chamado e do envio (Mt 20:8-16). Os diferentes grupos de trabalhadores enviados para a vinha indicam o corpo dos servidores da missão evangelizadora. Cada um é chamado a dar a sua contribuição na diversidade e riqueza da Igreja, em comunhão de ministérios e serviços. Todos são chamados e enviados em grupos e nunca isoladamente, evitando assim um comportamento individualista (Lc 9:1,2 ;10:1). Vê-se aí a dimensão comunitária do serviço missionário (Ec 4:9-12).
          Em Cristo,

                           Tarcísio Costa de Lima