segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Uma vez salvo, salvo para sempre?

A salvação ocorre pela graça de Deus. Mas fomos salvos pela graça para as boas obras (Ef 2.8-10). Tiago, ao contrário do que muitos pensam, estava de acordo com Paulo quanto à necessidade de o cristão verdadeiramente salvo demonstrar que é salvo pelas suas boas obras.

É preciso observar que a nossa salvação envolve três tempos e três aspectos. No passado, fomos justificados, santificados e regenerados (aspecto posicional). No presente, devemos operar a nossa salvação com temor e tremor (Fp 2.12), seguindo a paz com todos e a santificação (aspecto progressivo), sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb 12.14). No futuro, nossa salvação será a glorificação (aspecto perfectivo); seremos libertos da presença do pecado, e não apenas de seu domínio.
Portanto, quem é salvo, hoje, deve continuar, permanecer salvo, em Cristo (1 Co 15.1,2; Ap 3.11). É um erro pensar que não é preciso fazer mais nada, depois de salvo. O salvo que se preza é mais salvo, a cada dia, posto que está mais próximo de sua glorificação (Rm 13.11).
Indubitavelmente, a salvação é pela graça, segundo a Bíblia (cf. toda a Epístola de Romanos). Por outro lado, é simplismo pensar que uma vez salvo, ainda que pela graça, salvo para sempre. Pela sua graça, Deus dá o que não merecemos, mas Ele só me deu a salvação porque eu a quis receber. Deus mesmo me capacitou para aceitá-la; deu-me a fé (Ef 2.8,9) e a possibiliade de arrependimento (At 11.18; Rm 2.4), a fim de que eu receba livremente a salvação.

A graça de Deus não exclui a minha escolha. Se qualquer salvo escolher “naufragar na fé” (1 Tm 1.19,20), ou apostatar (1 Tm 4.1), ou desviar-se, como fez Judas (At 1.25; 2 Pe 2.1,20-22), com certeza abrirá mão da preciosa salvação pela graça. Ninguém resolverá negar a Cristo na eternidade, pois estaremos em outra dimensão, glorificados (Rm 13.11; Fp 3.13,14). Estaremos libertos da presença do pecado, e não apenas de seu poder.
Não devemos permitir que a lógica humana nos impeça de pensar biblicamente (1 Co 2.14,15) e de considerar todo o desdobramento da doutrina da salvação, que abrange passado, presente e futuro. O homem possui, sim, a livre-vontade e pode rejeitar a obra de Cristo realizada na cruz. Por isso, Deus amou o mundo de tal maneira, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16). Deus é poderoso para nos guardar de tropeçar, desde que permaneçamos em Cristo (Jo 10.27,28).
O que o irmão entende por apostasia? Trata-se do abandono consciente da salvação — ou seja, é mais que heresia. Somente o crente, salvo, pode apostatar! O ímpio não tem do que se desviar, conscientemente, mas o salvo tem (1 Tm 4.1). Pode ser um equívoco pensar que uma vez salvo posso fazer o que quiser, mas é exatamente isso que fazem alguns dos que se apegam à máxima “Uma vez salvo, salvo para sempre”.
Deus sempre quis que todos se salvassem (1 Tm 2.4) e não tiraria a salvação de ninguém, posto que é misericordioso. Reitero que Ele não tirou de Esaú o direito à primogenitura. Mas Esaú a perdeu! Por quê? Porque foi profano. O próprio Inferno foi preparado para o Diabo e seus anjos (Mt 25.41), numa prova de que Deus não deseja que os seres humanos vão para lá, porém muitos homens irão para o Lago de Fogo (Ap 20.21.8; 22.15). E não irão para lá por não terem sido alcançados pela graça de Deus, e sim porque serão “julgados cada um segundo as suas obras” (Ap 20.13).
Quem é salvo pela graça de Deus é participante da natureza divina quanto aos atributos comunicáveis da deidade (2 Pe 1.4-9), e essa natureza clama por santidade, e não por pecado (Gl 5.22; Cl 3.1-17). Sem dúvidas! Mas isso é apenas o aspecto posicional da nossa salvação.
Há uma luta dentro de nós: a natureza carnal se levanta contra a espiritual (Gl 5.16-21). Quem prevalecerá? Dependerá de quem a prevalecência do homem regenerado? É preciso levar-se em conta os aspectos progressivo (no presente) e perfectivo (no futuro). Fomos salvos, estamos salvos e devemos permanecer salvos! Isso à luz da Bíblia (1 Co 15.1,2; Ap 3.11 [aqui não se trata de galardão, pois o verbo “ter” está no presente]; Mt 24.13; Ap 3.5, etc.).
O salvo pela graça caminha para glorficação (Ef 4.11-15), e não para a corrupção do pecado. Mas o salvo não é um robô programado para progredir por conta própria, a cada dia! Ele precisa crescer na graça e conhecimento (2 Pe 3.18), e isso depende de sua cooperação (Fp 2.12). Paulo foi chamado desde o ventre de sua mãe, mas não foi desobediente à visão celestial (At 26.19). A Bíblia diz para nos achegar-nos a Deus (Tg 4.8; 1 Pe 2.4). Ele faz a sua parte, porém temos de fazer a nossa (Ez 24.13).
Deus nos concede graça para perseverarmos até aquele grande Dia. No entanto, o Senhor Jesus nos manda vigiarmos para continuarmos em pé (Lc 21.36). E a Palavra de Deus menciona pessoas que cairão e irão para o Inferno (Mt 7.21-23).
Portanto, a salvação é pela graça, sem dúvidas. Mas precisamos atentar para textos como 1 Coríntios 15.1,2: “Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis, pelo qual sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão”.
Em Cristo,

                 Tarcísio Costa de Lima

2 comentários:

Anônimo disse...

Ontei elogiei o seu site, e não me arrependo do que elogiei, mas isto eu sou contra.
E infelizmente deixarei de acessar o teu site por causa disto, mas continuo a admirar seu trabalho, apesar de não concordar com parte dele.

Arthur Venâncio

Anônimo disse...

http://www.respondi.com.br/2009/06/perderei-salvacao-se-voltar-fazer-o-que.html

Este link prova o que eu disse no comentário anterior. Na verdade ele estava presente no outro comentário em um atalho HTML que não está sendo possível ser visualizado.

Arthur Venâncio