Batalha espiritual tem sido um tema bastante discutido ultimamente. Não resta a menor dúvida de que vivemos experimentalmente em nossas vidas a batalha espiritual, como também é verdade que há uma valorização extremada dos demônios por parte de pessoas que têm uma teologia desequilibrada a respeito do assunto. É importante estudar a verdade sobre este tema para não incorrermos no equívoco de dar aos problemas, diagnósticos quem não correspondam à realidade.
Uma vez que a Bíblia trata da existência de uma intensa batalha envolvendo o reino de Deus e o reino das trevas, não podemos ficar alheios a esse assunto. Primeiro, porque nós estamos envolvidos, e qualquer cristão pode atestar essa realidade nas suas próprias experiências (2ª Co 12:7). Segundo, porque é nossa missão contribuir para a libertação espiritual de outras pessoas (Mt 10:1,8 ; Mc 16:17).
Jó foi afligido (Jó 1:6-12), o homem de Gadara estava possesso por uma legião de demônios e Jesus os expulsou (Lc 8:26-39). Em outra oportunidade, expulsou também da vida de uma mulher sete demônios (Lc 8:2), havia uma outra mulher há dezoito anos sofrendo como prisioneira de Satanás e Jesus a libertou (Lc 13:10-17). Paulo também, no exercício de seu ministério, deparou com pessoas possessas (At 16:16-18). Ainda hoje a Igreja luta contra o reino das trevas (Ef 6:12).
Quem de nós não é alvo dos constantes ataques de Satanás? Se há uma coisa certa, é que, ele nunca desistiu de nós. O grande aviso foi dado por Pedro: "Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo" (1ª Pe 5:8,9). O apóstolo Paulo enfrentou na sua vida constantes ataques de Satanás (2ª Co 12:7), foi certa vez impedido de visitar Tessalônica (1ª Ts 2:18). O crente, no entanto, não precisa temer as forças do mal, pois sua vida está guardada em Cristo (Cl 3:3).
Uma posição perigosa é emprestar valor demasiado aos demônios, mania que muitos crentes têm, para todos os fatos e infortúnios da vida (Ef 4:27). É preciso ter muito cuidado, principalmente com a literatura nesta área, hoje, muito explorada e às vezes sem o devido conteúdo bíblico. Examinaremos três situações preocupantes, quando o assunto é a valorização dos demônios.
1º A preocupação na liturgia do culto: Em Atos 2:42-47, temos os registros das primeiras atividades da Igreja Primitiva. O culto naquela igreja contemplava, prioritariamente o ensino da Palavra, com ênfase na Doutrina dos Apóstolos. Isso fazia aquela igreja atrativa, caindo na graça do povo. No entanto, vivemos hoje uma situação, em que muitas igrejas mudaram a centralidade de seus cultos. Dá-se exagerada importância a batalha espiritual, como se o culto fosse do seu início ao fim uma disputa entre as forças do bem e as forças do mal, amarrando todos os demônios (Rm 16:20).
2º Nas circunstâncias da vida: É preciso de uma vez por todas, saber discernir entre as obras da carne e as ações do inimigo (1ª Jo 4:1). Existem muitos crentes que interpretam aquilo que fazem de errado como se fossem demônios, quando na verdade são atitudes carnais (Gl 5:19-21).
3º A falta de apoio bíblico: Existem algumas práticas adotadas pelos pregadores e alguns escritores de batalha espiritual que são questionáveis à luz da Bíblia. Uma delas diz respeito à exorcisação, na hora de expulsar o demônio a pessoa fica tentando manter diálogo e ordenando a sua manifestação. Não vamos encontrar Jesus ensinando e nem praticando esse tipo de exorcismo, ao contrário, a sua presença era o bastante para que eles se manifestassem (Mc 1:23-27). Os apóstolos também não adotaram tal prática, o exemplo é de Paulo na cidade de Filipos (At 16:16-18).
Em Cristo,
Tarcísio Costa de Lima