quinta-feira, 15 de julho de 2010

Apologética Cristã - A Igreja como voz profética para o mundo.


Qual é o verdadeiro papel profético da Igreja? A Igreja quanto mais afinada com a Palavra de Deus torna-se mais credenciada para ser um instrumento e cumprir com os propósitos divinos aqui na Terra. Enquanto ela cumpre a missão delegada por Deus, se torna também benção para aqueles que são alcançados pelas verdades que ela prega. Vou discorrer um pouco sobre a verdadeira voz profética da Igreja e o seu papel de despertar a conciência humana para Deus.
Um dos maiores equívocos do homem está expresso na seguinte frase: "a voz do povo é a voz de Deus". Em sua absoluta perfeição moral, a veracidade se torna o aspecto do caráter de Deus que mais confronta o homem desviado da verdade (Rm 3:4).
Por seu caráter, a voz profética é de natureza solitária (Jo 1:23). Se tomarmos como exemplo os homens que falaram da parte de Deus no passado iremos constatar que, na maioria das vezes, eles falavam sozinhos, ou seja, não faziam coro com a multidão. Micaías, por exemplo, ficou sozinho para dizer a verdade ao rei Acabe (1º Rs 22:14), contra os profetas mentirosos (1º Rs 22:6). Elias teve que lutar contra a mentira e a idolatria num dos piores períodos de sua nação (1º Rs 18:22). Com a Igreja não é diferente, o mundo moderno conspira contra a própria noção da verdade (Rm 1:24,25), e para ser a verdadeira voz profética a Igreja precisa aceitar a solidão do seu ofício.
Historicamente, a manifestação da verdadeira voz profética se deu nos momentos de maior crise. Talvez aí se explique o seu caráter solitário. Elias chegou a se queixar a Deus por se sentir só (1º Rs 19:10). João Batista, como uma voz, clamava em tempos difíceis, anunciando a chegada de um novo tempo (Lc 3:1-16). Somos parte de uma geração que precisa conhecer a nossa hora, principalmente do ponto de vista dos acontecimentos proféticos.
Os homens mais solitários são aqueles a quem é confiada uma mensagem verdadeiramente profética (Lc 5:16). Por causa do seu zelo e de suas aspirações, dificilmente são cercados de multidões. Não é fácil acompanhar um profeta como Noé, que pregou a mensagem de arrependimento aos seus contemporâneos sem que uma alma se arrependesse (Hb 11:7 ; 2ª Pe 2:5). Seguir os passos de um Paulo que ansiava por ver o mundo convertido a Cristo, mas convivia com o sentimento de solidão: "Bem sabes isto: que os que estão na Ásia todos se apartaram de mim; dentre os quais foram Fígelo e Hermógenes" (2ª Tm 1:15). Se a Igreja sonha com a verdade, a justiça, o perdão, a paz, ela deve estar preparada para não contar com as multidões.
A Igreja precisa compreender a importância que ela tem no contexto atual e assumir a responsabilidade de ser uma voz profética de confrontação. Confrontar os homens quanto aos seus pecados (Mc 6:18), quanto à santidade de Deus (1ª Pe 1:15), às injustiças sociais (Am 5:11-15), desigualdades (Lc 3:11), à fonte da salvação (At 4:12) e quanto ao tempo da salvação: "Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto" (Is 55:6).
A Igreja deve imitar o evangelista João: "E, naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia e dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus" (Mt 3:1,2). É regra que ao final de toda boa mensagem  segue-se o apelo (Is 53:1). O grande êxito do cristianismo reside no chamamento que a Igreja, através da sua mensagem salvadora, faz ao mundo. Pedro, no dia de pentecostes, tomado de poder e graça no Espírito, conclamou o povo ao arrependimento (At 2:37).
A atual sociedade vive uma cultura permissiva. Quando falo de cultura permissiva me refiro ao ato de tolerância a todas as práticas, quer certas ou erradas (Ap 2:20). Em função da sua cegueira espiritual, a permissividade dá ao homem o direito de julgar os seus próprios atos, sem que para isso tenha que prestar contas. A Palavra de Deus rejeita essas práticas (Rm 1:26-32). A Igreja que quer ser a verdadeira voz profética de Deus precisa se manifestar contrária a esse estado de caos, do contrário deixa de ser sal e luz (Fp 2:15).
Em Cristo,

                Tarcísio Costa de Lima  

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