terça-feira, 29 de junho de 2010

A parábola do juiz iníquo

A parábola do juiz iníquo possui certa semelhança com a parábola do amigo importuno (Lc 11:5-13). Ambas ensinam sobre a necessidade do cristão orar com perseverança. Elas se harmonizam em sua estrutura, embora tenham sido proferidas em circunstâncias diferentes. Existem em ambas uma lógica baseada no contraste entre Deus e o homem, e a evidência de que o Senhor se inclina às orações dos cristãos (Is 57:15 ; 66:2).
Orar é manter uma atitude de contato com Deus através do pensamento, palavra, fatos e vida. Trata-se de viver consciente de que, "em Deus nos movemos e existimos". Orar é "respirar" essa misteriosa presença que nos envolve. Oração é a fé em diálogo com Deus. Necessitamos perseverar ao expor nossas súplicas a Deus certos da boa vontade em nos socorrer (Lc 11:9-11 ; Is 49:15,16).
Na parábola Jesus utiliza a figura do juiz iníquo para mostrar que Deus ouve as nossas orações. Como Cristo ressalta, se até um juiz iníquo, diante da insistência da viúva acabou lhe atendendo, o que dirá o Pai Celestial. Entretanto, a ajuda divina não chegará necessariamente no momento e forma que julgarmos convenientes (1ª Pe 5:6). A ajuda se fará no momento mais adequado e na melhor forma visando o aprimoramento espiritual (Ec 3:1). Isto significa que algumas vezes seja necessário um período de dor, amargura e sofrimento para que o ensinamento seja realmente assimilado e não venhamos a incorrer em nossos erros e, por consequência, na necessidade de novas provações (Hb 12:5-11).
Não obstante a severidade do juiz, ele não resistiu à insistência da viúva, e, para ver-se livre de importunações, acabou resolvendo suas questões. Deus, que é a perfeição absoluta, não deixará de atender aos nossos justos clamores (Jr 33:3). Apesar dos serviços judiciais serem, na maioria das vezes, lentos aqui no Brasil, as causas têm que ser solucionadas um dia. Mesmo que tardiamente, haverá um veredicto. Então, por que duvidar ou desesperançar das providências do Juiz de toda a Terra? Nem mesmo as aves do céu escapam do seu cuidado amoroso (Mt 6:26).
Quando nos sentimos desanimados, em razão das lutas e dificuldades do dia-a-dia, oremos e confiemos na bondade de Deus, pois não desampara a nenhum de seus filhos (Hb 13:5b). Se, às vezes, o Senhor parece não ouvir as nossas orações, permitindo a permanência do sofrimento, é porque sabe ser a dor o melhor instrumento para moldar o nosso caráter (Sl 119:67). Quando Deus não muda as circunstâncias é porque quer mudar algo em nós. Os períodos de calamidade devem produzir maturidade na vida do cristão (Rm 5:3-5).
A parábola termina com uma pergunta temerosa: "Mas quando o Filho do Homem voltar, será que Ele vai encontrar a fé sobre a terra?" (Lc 18:8). Será que Jesus vai encontrar a fidelidade ao Evangelho, a firmeza nas perseguições, a solidez diante das ameaças das falsas doutrinas? Porque o que realmente importa não é saber quando Cristo virá, mas estar preparado. O Cristão estará preparado se, como a viúva, elevar a Deus uma oração perseverante e cheia de confiança (Tg 1:6-8).
Em Cristo,

                 Tarcísio Costa de Lima

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